Estelionato eleitoral: PT e PCdoB se unem a PSDB e aprovam reforma neoliberal da previdência do Servidor Público
02/03/2012 Deixe um comentário
Os deputados federais Ivan Valente (PSOL/SP) e Chico Alencar (PSOL/RJ) usaram a Tribuna da Câmara Federal para denunciar a privatização da Previdência aprovada pelo governo Dilma ( PT). Da bancada federal maranhense, apenas dois deputados votaram contra a privatização da previdência e um se absteve.
Na hora de pedir o voto do eleitor, Dilma, o PT, o PCdoB, os deputados federais da base aliada não prometeram privatizar a previdência do servidor público. Ao chegar ao governo, ficaram tão neoliberais quanto os tucanos.
Confira abaixo como votou a bancada maranhense no projeto 1992/07 de de reforma neoliberal da previdência do Servidor Público, que uniu PT, PCdoB e PSDB. Também abaixo, os discursos de Ivan Valente e Chico Alencar.
COMO VOTARAM OS DEPUTADOS DO MARANHÃO QUANTO AOS DIREITOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS
Maranhão (MA) |
|
Como votaram |
1 Alberto Filho |
PMDB |
Sim /contra o Servidor Público |
2 Carlos Brandão |
PSDB |
Sim /contra o Servidor Público |
3 Cleber Verde |
PRB |
Não |
4 Costa Ferreira |
PSC |
Sim /contra o Servidor Público |
5 Davi Alves Silva Júnior |
PR |
Sim /contra o Servidor Público |
6 Domingos Dutra |
PT |
Sim /contra o Servidor Público |
7 Edivaldo Holanda Junior |
PTC |
Sim /contra o Servidor Público |
8 Hélio Santos |
PSD |
Abstenção |
9 Lourival Mendes |
PTdoB |
Sim /contra o Servidor Público |
10 Pedro Novais |
PMDB |
Sim /contra o Servidor Público |
11 Pinto Itamaraty |
PSDB |
Sim /contra o Servidor Público |
12 Sarney Filho |
PV |
Sim /contra o Servidor Público |
13 Simplício Araújo |
PPS |
Não |
14 Waldir Maranhão |
PP |
Sim /contra o Servidor Público |
Total Maranhão: 14 Ausentes: Francisco Escórcio (PMDB), Nice Lobão (PSD), Professor Sétimo (PMDB) e Zé Vieira (PR) |
O DISCURSO DE CHICO ALENCAR
“Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados e todo(a)s o(a)s que assistem a esta sessão ou nela trabalham:
Boa parte dos 318 deputados – a maioria da base do governo – que disseram SIM à criação da Previdência Complementar Privada para servidores públicos praticou uma fraude política ao renegar posições históricas de seus partidos. Nesta noite dos paradoxos, os tucanos e Maluf – entusiasmado aliado do PT – foram dos poucos coerentes… com o privatismo que sempre defenderam. A cidadania crítica deve ter consciência de alguns aspectos importantes na criação do Funpresp:
1) em nenhum momento da campanha eleitoral, nem em qualquer documento escrito, a então candidata Dilma Roussef mencionou este projeto, que agora, no governo, assumiu como “imprescindível e prioritário”. A honestidade democrática impõe que se pratique no governo o que se afirma na campanha. Não foi o caso: ao contrário, nas pouquíssimas menções no programa de governo e no discurso de posse, a presidenta reafirma “a defesa da previdência social pública”. Essa mudança de posição de alguns partidos é, portanto, um estelionato eleitoral;
2) foi atribuída aos servidores, covardemente, a responsabilidade pelo histórico desvio de recursos da Previdência, recursos esses utilizados para, lá atrás, construir Brasília, pontes (como a Rio-Niterói) e, mais recentemente, para fazer superávit primário e pagar juros e serviços da dívida, tudo inteiramente à revelia dos próprios servidores;
3) classificou-se como “elite privilegiada” servidores públicos fundamentais como auditores, promotores, defensores, fiscais, magistrados, assessores legislativos e professores universitários, nivelando por baixo as expectativas de carreira, sem com isso abrir qualquer perspectiva de melhoria para a grande parcela dos servidores mais mal remunerados;
4) cumpriu-se, afinal, uma obscura ‘carta de intenções’ ao FMI escrita em 2003, para ‘acalmar os mercados’, sem qualquer aval da população brasileira;
5) na linha do privatismo e do ajuste fiscal, o Estado brasileiro vai se desincumbindo da aposentadoria integral dos seus servidores;
6) estabeleceu-se o absurdo da ‘contribuição definida com benefício indefinido’;
7) na melhor tradição neoliberal, em crise no mundo inteiro, entregam-se recursos públicos para o capital financeiro gerir, transformando previdência, que é sinônimo de segurança, em aplicação de risco;
8) a gestão desse(s) Fundo(s) será temerária, não estando nada assegurado – nem sua transparência nem seu controle por parte dos servidores, para gáudio da banca especulativa;
9) os bancos passarão décadas só arrecadando recursos e não terão responsabilidade pelo pagamento de benefícios;
10) quebra-se o princípio da solidariedade entre gerações, para se estabelecer o do individualismo e da continuidade da contribuição para se obter uma improvável compensação.
A incoerência presente já é manifesta e comprovada. O tempo dirá, no futuro, quem esteve do lado da defesa dos direitos dos servidores públicos e quem operou na direção de sua desvalorização.
Agradeço a atenção.”
Chico Alencar
Deputado Federal, PSOL/RJ.
O DISCURSO DE IVAN VALENTE
“Senhor Presidente, senhoras e senhores Deputados,
Gostaria de registrar como lida nesta Casa uma carta enviada aos parlamentares por diversas entidades representativas do funcionalismo público contra o PL 1992, cuja votação está prevista para esta semana aqui na Câmara. Como já dissemos inúmeras vezes nesta tribuna, o projeto de lei, apresentado pelo governo Lula, privatiza a previdência pública por meio da criação do Funpresp, o Fundo de Previdência do Servidor Público.
A carta distribuída pelas entidades traz todos os prejuízos que o projeto, se aprovado, trará para o serviço público e para os servidores em geral, como a retirada de recursos da previdência social; os gastos do governo com o Funpresp; a insegurança do servidor público; e a quebra da integralidade da aposentadoria, com o consequente aumento da lucratividade dos bancos e o fortalecimento do capital financeiro, em detrimento dos direitos dos trabalhadores.
Como lembram as organizações, o PL 1992 ataca a Constituição Federal de 88, que ampliou o conceito de seguridade social ao unificar a previdência social, saúde e assistência e ao instituir o direito e o dever dos trabalhadores quanto às contribuições para a seguridade, a fim de manter a solidariedade entre as gerações.
Para o Fórum de Entidades, o Funresp ainda é inconstitucional, já que a Constituição, em seu artigo 202, determina que a previdência complementar deverá ser criada e regulamentada por Lei Complementar, e não Lei Ordinária, como foi proposto.
Esta semana, lideranças sindicais e de servidores de todo o país estão aqui em Brasília para pressionar os deputados pela rejeição do PL 1992. Há uma grande marcha prevista na capital. Na última semana, também lançamos nesta Casa a Frente Parlamentar em defesa do Servidor Público, que também tem entre seus objetivos centrais barrar a privatização da previdência do funcionalismo público proposta pelo governo federal.
Nos somamos então às centrais sindicais, ao Mosap, Sinal, Sindifisco Nacional, Fenajufe, Andes, Fasubra, Sindilegis e tantas outras organizações nesta luta. Contem com o voto do PSOL para barrar mais este ataque aos direitos dos servidores públicos!
Muito obrigado.”
Ivan Valente
Deputado Federal PSOL/SP